Religião e mito
Há uma forte resistência da parte de alguns líderes espirituais em reconhecer as influências míticas nas narrativas, símbolos e ícones das suas religiões. Parece que esse reconhecimento ameaça ou tira a legitimidade da fé. No entanto, um breve olhar nos escritos, crenças, práticas e costumes dessas religiões mostra o quanto a mitologia caminha ao lado da fé, até mesmo do(s) cristianismo(s). Nem mesmo a Bíblia - livro que para mim é a Palavra de Deus - escapa da influência dos mitos. Por exemplo, o dilúvio não é uma narrativa exclusiva dos hebreus. Outras religiões falam de seus dilúvios, inclusive as de matriz africana. Moisés - do Antigo Testamento - não foi, segundo as narrativas míticas, o único personagem fundador de nação a ser colocado num cesto a boiar nas águas de um rio. A mitologia diz a mesma coisa de Ciro (leia o texto "Moisés, um egípcio", de autoria de Sigmund Freud). O Logos (Verbo que se fez carne, Cristo) do Novo Testamento, por mais que teólogos conservado