Matamos em obediência a Alá - Entrevista com extremistas islâmicos
Por Nelson Gervoni
Inconformado com a tragédia que enlutou a França e o mundo na última sexta-feira, me propus a entender o que leva homens “religiosos” a praticarem tamanha barbárie. Me valendo do meu registro de jornalista me arrisquei numa entrevista com três extremistas que me responderam algumas perguntas e me autorizaram a dizer seus nomes. São eles Zayn Samir Kalil, Mohammed Youssef Said e Faruk Aziz Osman.
Já no início da entrevista Kalil fez questão de esclarecer três coisas. Primeiramente deixou claro que Alá é o mesmo Deus no qual creem os judeus e cristãos. Alá, disse ele, é o nome do Deus que criou todas as coisas, transmitiu a Lei a Moisés, para os judeus, e depois ao profeta Maomé, para os muçulmanos. Em segundo lugar afirmou que não participaram dos ataques, mas creem que os atos são justificáveis diante de Alá e do Alcorão. Por último, falou sobre os demais irmãos muçulmanos não extremistas, deixando claro que a maioria islâmica não age com o radicalismo que eles defendem.
Pergunta a Kalil: Por que tanta intolerância contra os ocidentais?
Resposta: Os ocidentais carregam vírus que penetram e permanecem corroendo e destruindo os ensinamentos do Alcorão em todo o mundo. Desenvolvem modos estranhos aos seguidores de Alá: eles invadem nossos arraiais na forma de modismos, paganizam os princípios do Alcorão com seus liberalismos, humanismos e formas de lazer e prazer mundanos.
Said complementa: Embora essa prática que vocês chamam de extremista pareça severa, se trata de uma punição justa decretada por Alá.
Pergunta a Osman: Mas ataques dessa natureza não matam só inocentes, que nada tem a ver com isso que vocês alegam, inclusive crianças inocentes?
Resposta: Os que morreram estavam longe de ser inocentes. Eles eram totalmente depravados, além de que desejavam destruir o Islã que é o povo escolhido de Alá. A destruição deles se fazia necessária pela gravidade de seu pecado. Em caso contrário, algum remanescente de coração endurecido poderia surgir e retomar a sua odiosa disposição contra o Islã e os planos de Alá.
Quanto à questão das crianças inocentes - continua Osman - algumas observações são relevantes. Vou colocar três coisas importantes. Primeiro, todos nós nascemos em pecado e merecemos a morte. Um dia, todos seremos tomados por Alá através da morte. É apenas uma questão de tempo. Segundo, Alá é soberano sobre a vida e reserva para si o direito de tomá-la quando quiser. Terceiro, todas as crianças que morrem antes da idade da responsabilidade são salvas.
Nova pergunta a Osman: Mas isso não seria falta de misericórdia de Alá?
Resposta de Osman: Isso está longe de ser falta de misericórdia. Dado o estado canceroso da sociedade em que nasceram, essas crianças não tinham chance alguma de evitar sua fatal contaminação. Na realidade foi sim um ato de misericórdia de Alá, tomá-las de um ambiente tão pervertido para a sua santa presença.
Outra pergunta a Osman: Você não considera que essas explicações carecem de uma justificativa moral?
Resposta de Osman: Não. A justificativa moral para tal ação encontra-se no fato de que Alá tem o direito de dar e de tomar a vida. Como o salário do pecado é a morte, e como essas pessoas se envolvem em pecados terríveis, elas apenas colheram as consequências da vingança de Alá sobre elas.
Após essa resposta me senti muito mal e pedi para encerrar a entrevista.
Eu só queria me desculpar pelo fato de que não existem os extremistas Kalil, Said ou Osman. Eu os inventei para escrever esse artigo em forma de entrevista. Todas as respostas foram retiradas de comentários bíblicos desenvolvidos por teólogos protestantes e/ou evangélicos para explicar por que Deus mandou matar pessoas em Números 31.17 e I Samuel 15.3.
As palavras de Zayn Samir Kalil, com exceção do início da "entrevista", foram adaptadas do comentário de 1 Samuel 15 da Bíblia King James. O complemento feito por Mohammed Youssef Said foi extraído do comentário de 1 Samuel 15 da Bíblia Anotada, de Charles Caldwell Ryrie. As respostas de Faruk Aziz Osman são as mesmas dos teólogos evangélicos Norman Geisler e Thomas Howe, da Enciclopédia Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições da Bíblia”, da Editora Mundo Cristão, comentando as duas referências.
Quero deixar claro o meu repúdio a toda e qualquer forma de morte e violência sob qualquer argumento ou justificativa, principalmente os de cunho religioso e extremista, como são os casos de terrorismo praticados pelo Boko Haram, Al-Qaeda, Estado Islâmico e outras organizações fundamentalistas islâmicas. Meu objetivo teológico (sou jornalista mas sou teólogo) é levar o leitor a fazer a seguinte reflexão: Por que é errado matar em nome de Alá (dos muçulmanos) e foi justificável matar em nome de Deus (dos judeus e dos cristãos) nos tempos do Antigo Testamento? As justificativas do terrorismo para suas matanças não seriam as mesmas dos teólogos conservadores cristãos para as matanças do Antigo Testamento?
Inconformado com a tragédia que enlutou a França e o mundo na última sexta-feira, me propus a entender o que leva homens “religiosos” a praticarem tamanha barbárie. Me valendo do meu registro de jornalista me arrisquei numa entrevista com três extremistas que me responderam algumas perguntas e me autorizaram a dizer seus nomes. São eles Zayn Samir Kalil, Mohammed Youssef Said e Faruk Aziz Osman.
Já no início da entrevista Kalil fez questão de esclarecer três coisas. Primeiramente deixou claro que Alá é o mesmo Deus no qual creem os judeus e cristãos. Alá, disse ele, é o nome do Deus que criou todas as coisas, transmitiu a Lei a Moisés, para os judeus, e depois ao profeta Maomé, para os muçulmanos. Em segundo lugar afirmou que não participaram dos ataques, mas creem que os atos são justificáveis diante de Alá e do Alcorão. Por último, falou sobre os demais irmãos muçulmanos não extremistas, deixando claro que a maioria islâmica não age com o radicalismo que eles defendem.
Pergunta a Kalil: Por que tanta intolerância contra os ocidentais?
Resposta: Os ocidentais carregam vírus que penetram e permanecem corroendo e destruindo os ensinamentos do Alcorão em todo o mundo. Desenvolvem modos estranhos aos seguidores de Alá: eles invadem nossos arraiais na forma de modismos, paganizam os princípios do Alcorão com seus liberalismos, humanismos e formas de lazer e prazer mundanos.
Said complementa: Embora essa prática que vocês chamam de extremista pareça severa, se trata de uma punição justa decretada por Alá.
Pergunta a Osman: Mas ataques dessa natureza não matam só inocentes, que nada tem a ver com isso que vocês alegam, inclusive crianças inocentes?
Resposta: Os que morreram estavam longe de ser inocentes. Eles eram totalmente depravados, além de que desejavam destruir o Islã que é o povo escolhido de Alá. A destruição deles se fazia necessária pela gravidade de seu pecado. Em caso contrário, algum remanescente de coração endurecido poderia surgir e retomar a sua odiosa disposição contra o Islã e os planos de Alá.
Quanto à questão das crianças inocentes - continua Osman - algumas observações são relevantes. Vou colocar três coisas importantes. Primeiro, todos nós nascemos em pecado e merecemos a morte. Um dia, todos seremos tomados por Alá através da morte. É apenas uma questão de tempo. Segundo, Alá é soberano sobre a vida e reserva para si o direito de tomá-la quando quiser. Terceiro, todas as crianças que morrem antes da idade da responsabilidade são salvas.
Nova pergunta a Osman: Mas isso não seria falta de misericórdia de Alá?
Resposta de Osman: Isso está longe de ser falta de misericórdia. Dado o estado canceroso da sociedade em que nasceram, essas crianças não tinham chance alguma de evitar sua fatal contaminação. Na realidade foi sim um ato de misericórdia de Alá, tomá-las de um ambiente tão pervertido para a sua santa presença.
Outra pergunta a Osman: Você não considera que essas explicações carecem de uma justificativa moral?
Resposta de Osman: Não. A justificativa moral para tal ação encontra-se no fato de que Alá tem o direito de dar e de tomar a vida. Como o salário do pecado é a morte, e como essas pessoas se envolvem em pecados terríveis, elas apenas colheram as consequências da vingança de Alá sobre elas.
Após essa resposta me senti muito mal e pedi para encerrar a entrevista.
Eu só queria me desculpar pelo fato de que não existem os extremistas Kalil, Said ou Osman. Eu os inventei para escrever esse artigo em forma de entrevista. Todas as respostas foram retiradas de comentários bíblicos desenvolvidos por teólogos protestantes e/ou evangélicos para explicar por que Deus mandou matar pessoas em Números 31.17 e I Samuel 15.3.
As palavras de Zayn Samir Kalil, com exceção do início da "entrevista", foram adaptadas do comentário de 1 Samuel 15 da Bíblia King James. O complemento feito por Mohammed Youssef Said foi extraído do comentário de 1 Samuel 15 da Bíblia Anotada, de Charles Caldwell Ryrie. As respostas de Faruk Aziz Osman são as mesmas dos teólogos evangélicos Norman Geisler e Thomas Howe, da Enciclopédia Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições da Bíblia”, da Editora Mundo Cristão, comentando as duas referências.
Quero deixar claro o meu repúdio a toda e qualquer forma de morte e violência sob qualquer argumento ou justificativa, principalmente os de cunho religioso e extremista, como são os casos de terrorismo praticados pelo Boko Haram, Al-Qaeda, Estado Islâmico e outras organizações fundamentalistas islâmicas. Meu objetivo teológico (sou jornalista mas sou teólogo) é levar o leitor a fazer a seguinte reflexão: Por que é errado matar em nome de Alá (dos muçulmanos) e foi justificável matar em nome de Deus (dos judeus e dos cristãos) nos tempos do Antigo Testamento? As justificativas do terrorismo para suas matanças não seriam as mesmas dos teólogos conservadores cristãos para as matanças do Antigo Testamento?